25 de abr. de 2012

Coração Envenenado: Minha vida com os Ramones

Que montar uma banda é o sonho de 10 entre 11 adolescentes é óbvio, a idéia também é a mesma: fazer multidões cantarem as canções da banda e ser idolatrado por outros adolescentes em fase de secreção hormonal. Viajar com os melhores amigos, ganhar cifras incontáveis e ser dono do mundo. Mas na vida real é totalmente diferente. Prova concreta disso é o que Douglas Colvin, o Dee Dee Ramone, o cara que formou a banda que já é uma entidade dentro do Punk Rock. O cara que deu o nome a banda. Fã de Beatles, Dee Dee usou o sobrenome o qual Paul McCartney usava quando fazia seus shows secretos, Ramon.

Uma biografia bem direta, que mostra que, muito pelo contrário, o Ramones não era uma família feliz, como dizia a letra de We’re a Happy Family, e sim uma banda que, além de não fazer questão alguma de manusear seus instrumentos com técnica, tinha a sorte de ter dois compositores criativos, Dee Dee e Joey. Mas a briga e o descontentamento eram gerais, Johnny e Marky odiavam Joey e Dee Dee, o último por sua vez, odiava Joey, e os quatros odiavam o empresário, Monte Melnick. Os Ramones nunca ficaram ricos, continuavam a morar em pulgueiros em Nova York, e a usar drogar diariamente.

 Dee Dee foi preso, teve overdoses e alucinações, foi internado em clínicas de reabilitação, manicômios, freqüentou A.A’s, presenciou seus melhores amigos perdendo a briga para as drogas, qualquer se sejam elas, e falecendo um a um diante de seus olhos. Quis parar, mas nessas horas quem manda é o corpo, e o corpo queria cada vez mais. Quando fazia uso de medicamentos, viciava nesses. Tentou mudar para outros países, mas parecia que a má sorte o acompanhava onde fosse e acabava voltando para o mesmo bairro periférico e traiçoeiro o qual cresceu nos Estados Unidos, na Big Apple. Saiu da banda, mas continuou escrevendo e vendendo direitos autorais de letras que se tornaram clássicos do grupo, dinheiro este das vendas virava combustível para a cabeça de Dee Dee poder agüentar mais um dia de vida, quando não era usado para pagar fiança em suas prisões.

 Ele fala sobre as letras que escreveu e não recebeu créditos e quais álbuns ele nem sequer participou e foram lançados com seu nome entre os integrantes. Foi em Buenos Aires, que Dee Dee conseguiu finalmente mudar seu estilo de vida, mas sem antes se decepcionar mais uma vez com os ex-companheiros, que foram fazer alguns shows na capital argentina. O que nos leva a crer que o backstage da música é muito diferente da visão superficial que nós temos dos nossos ídolos e artistas que aprendemos a admirar.

O livro prende e surpreende o leitor e fãs da banda, e conta, como o cara mais consciente do grupo, era ao mesmo tempo um dos mais perdidos artistas do Punk, se isso é o significado de Rock n’Roll, Dee Dee Ramone levou ao pé da letra, até perder a luta contra as drogas e falecer em 2002, vítima de uma overdose de heroína.

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